Entre a espora e o chapéu

"Que importa o mundo ser grande para quem vive a lo léu guardando cada recuerdo como se fosse um troféu vendo que a vida é mais linda entre a espora e o chapéu"

Trecho da letra de "Entre a Espora eo Chapéu" de Marco Pires, Raquel Pires e Alex Barcellos.

Radio Terra Gaúcha

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Um Regalo Pra Dom Cassiano

Rosto judiado por noventa primaveras
Mãos calejadas de quem domou para viver
Passa em silencio pela porta do galpão
E calmamente sente uma lagrima escorrer
Olha os apeiros pendurados no oitão
Hoje relíquias como ele a envelhecer


Bocal já gasto da embocadura do flete
Par de rendilhas esquecidos no galpão
Um laço velho quase atorado no meio
Fiel parceiro das horas de precisão



O paysandú enfeitando um cavalete
E um maidana desabado a temporal
Couro de pardo pra trançar armas campeiras
Antigos trastes de um terrunho ritual


Dom Cassiano olha ao longe a querência
Saudando o campo companheiro das auroras
Ouvindo o canto de um grilito pajador
Vai relembrando do cantar de suas esporas


Vistas cansadas de laçar alguns matreiros
Algumas marcas de aramado e corredor
Poncho dos buenos pros dias de chuvisqueiro
Sustenta o cerno n’algum pingo de valor


Golpeia a canha no costado do fogão
Engraxando cordas de saudades sentinela
De um tempo antigo de sovar basto e pelego
Que hoje vivem a rondar sua cancela.