Rosto judiado por noventa primaveras
Mãos calejadas de quem domou para viver
Passa em silencio pela porta do galpão
E calmamente sente uma lagrima escorrer
Olha os apeiros pendurados no oitão
Hoje relíquias como ele a envelhecer
Bocal já gasto da embocadura do flete
Par de rendilhas esquecidos no galpão
Um laço velho quase atorado no meio
Fiel parceiro das horas de precisão
O paysandú enfeitando um cavalete
E um maidana desabado a temporal
Couro de pardo pra trançar armas campeiras
Antigos trastes de um terrunho ritual
Dom Cassiano olha ao longe a querência
Saudando o campo companheiro das auroras
Ouvindo o canto de um grilito pajador
Vai relembrando do cantar de suas esporas
Vistas cansadas de laçar alguns matreiros
Algumas marcas de aramado e corredor
Poncho dos buenos pros dias de chuvisqueiro
Sustenta o cerno n’algum pingo de valor
Golpeia a canha no costado do fogão
Engraxando cordas de saudades sentinela
De um tempo antigo de sovar basto e pelego
Que hoje vivem a rondar sua cancela.