Entre a espora e o chapéu

"Que importa o mundo ser grande para quem vive a lo léu guardando cada recuerdo como se fosse um troféu vendo que a vida é mais linda entre a espora e o chapéu"

Trecho da letra de "Entre a Espora eo Chapéu" de Marco Pires, Raquel Pires e Alex Barcellos.

Radio Terra Gaúcha

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Minhas raizes.

Cresci vendo meu pai Luzardo Pires escrever numa folha qualquer alguns versos de “pé quebrado” sem qualquer ambição de fazer uma poesia ou dar-lhes vida através da musica, assim começa minha história como compositor, pois o fato de descrever aquilo que realmente passamos ou alguma história vivenciada por pessoas antigas realmente me atraiu. Logo após aprendi que além de descreve-los poderia quase dar vida a esses fatos através da musica e continuar aquilo que meu pai sem saber já fazia muito bem. Após a perda de meus pais aos doze anos perdi o rumo a qual estava traçado. Dois anos depois com meu primo Luiz Pires voltou a rebrotar aquele mesmo sentimento pela musica tocando em tertúlias e rodas de mate debatendo sobre musicas, letras e seus valores para cada um de nós.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Cassiano Correa Lopes

Pessoa a qual devo tudo que sou, foi quem me ensinou a ser gaúcho e o porquê gostar de nossas raízes a ter orgulho pela pilcha que visto e o pampa que canto.Noventa e seis anos enforquilhado passando por tudo que a dificuldade lhe trouxe sempre de cabeça erguida e pingo alçado no freio.
No ano de 2004 ressaltamos a proposta de imortalizar ainda vivo, na minha opinião um dos maiores domadores da geração antiga,então juntamente com Alex Barcelos começamos a escrever uma singela bibliografia de um verdadeiro centauro.Feito nada difícil devido ao manancial de historias que lhe seguem até os dias de hoje.
Agradeço todos os dias por ser teu neto e me espelhar em ti para seguir a minha jornada, deixo aqui um pedido que jamais boleies a perna do pingo mesmo com a idade avançada para que possamos seguir contando as façanhas de quem realmente merece e cantando sempre...
                  
                    UM REGALO PRA DOM CASSIANO

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Um Regalo Pra Dom Cassiano

Rosto judiado por noventa primaveras
Mãos calejadas de quem domou para viver
Passa em silencio pela porta do galpão
E calmamente sente uma lagrima escorrer
Olha os apeiros pendurados no oitão
Hoje relíquias como ele a envelhecer


Bocal já gasto da embocadura do flete
Par de rendilhas esquecidos no galpão
Um laço velho quase atorado no meio
Fiel parceiro das horas de precisão



O paysandú enfeitando um cavalete
E um maidana desabado a temporal
Couro de pardo pra trançar armas campeiras
Antigos trastes de um terrunho ritual


Dom Cassiano olha ao longe a querência
Saudando o campo companheiro das auroras
Ouvindo o canto de um grilito pajador
Vai relembrando do cantar de suas esporas


Vistas cansadas de laçar alguns matreiros
Algumas marcas de aramado e corredor
Poncho dos buenos pros dias de chuvisqueiro
Sustenta o cerno n’algum pingo de valor


Golpeia a canha no costado do fogão
Engraxando cordas de saudades sentinela
De um tempo antigo de sovar basto e pelego
Que hoje vivem a rondar sua cancela.

domingo, 7 de junho de 2009

II Rinconada da Canção Nativa


II Rinconada Canção Nativa, um festival fechado organizado por uma equipe que se empenha em cultivar nossas raízes. 
    Festival onde no ano anterior, conquistei o segundo lugar como melhor interprete. E nesse ano com muito prazer e satisfação ganhamos o 1° lugar geral e também melhor tema campeiro com a música Oficio de Alma e Existência”.
    Mas claro tive a ajuda de amigos que pra mim tem um grande valor como Alex Barcellos que ganhou o premio de melhor intérprete,  Bruno (Sabiá)  ganhou o premio de melhor instrumental, Ranieri Laufer e o mais novo da turma Frederico.
    Esse é o primeiro de muitos que ainda virão. Agradeço a todos que contribuíram para esse trabalho dar certo. 
    Parabéns a todos.

  

domingo, 24 de maio de 2009

Alex Barcellos

Parceria que começou há muitos anos atrás nas rodas de mate e de guitarra junto a um fogo de chão onde acolherava-se versos eternizando homens, suas lidas, e seus fletes e tudo aquilo que o campo tem a ensinar e nos dar de bom.
No ano de 2004 expandimos nosso trabalho alem dos festivais eternizando no CD “do litoral a fronteira” do nosso grande amigo Alexandre Taveira. Nas musicas De quem tem cachorros buenos, Quando renasce um cavalo e Um regalo pra Dom Cassiano
Amizade cincera é a formula desta parceria que sempre estará disposta com um lápis e um violão na mão eternizando aqueles que seguem firme no lombo de seus fletes, sem afrouxar jamais e levando sempre nossa cultura adiante. Pois sempre foi um prazer ser amigo de um taura como este.

Marco Aurélio Pires

sexta-feira, 15 de maio de 2009

DE QUEM TEM CACHORROS BUENOS


















A tropa segue o assovio
E a chuva encharca a carcaça
Força polianga de essência
Que na primavera se alça
E touros florões de tropa
Semblante estampa da raça

O rodeio froxa o garrão
Na invernada do araçá
Pingo crioulo no freio
Filho do Bt butiá
E flores que desabrocham
No miolo do gravatá

A cachorrada ovelheira
Ponteia o gado na estrada
Cruzado no lamaceiro
Banhado passo e picada
E a tropa segue marchando
Com graxa que vem da invernada

Uma polianga aça a cola
Cruzando no aguaceiro
Direito a várzea encharcada
Berrando pelo terneiro
E dois ovelheiros alertas
Prenunciam o aparte campeiro

Um taura ao ver esta imagem
Se diverte com o regalo
Quem já tropeou neste mundo
Compreende o assunto que falo
Pois quem tem cachorros buenos
Jamais sua seus cavalos

A Dom Luzardo Pires


“Ao ver este baio encilhado
Dou rédeas ao pensamento
E canto par um homem simples
Mais livre que o próprio vento
A dom Luzardo Pires
Remato o ultimo tento”

Enxergo os teus apeiros
Se rececando nos ganchos
Revejo tua imagem simples
Na figueira frente ao rancho
Saudades trago no peito
E ao te cantar me desmancho

Relembro o fogo de angico
Aquecendo o pago inteiro
E as tranças que fizestes
Me ensinando o oficio campeiro
Que guardo junto comigo
Para ensinar nosso herdeiro

Que sina pra quem trançou
A vida numa só trança
Fazendo rédeas e laços
Tirador chapéu de pança
E deixou para história
Seus apeiros de lembrança


Às vezes me paro inquieto
Perguntando ao pai celestial
Porque te levou tão cedo
Pra cumprir um ritual
Fazer maneadores e lóros
Ou domar algum bagual

Estas perguntas terão
Que ser respondidas um dia
Quando eu me for pro céu
Com um sorriso de alegria
Cevando um mate novo
Que há muito tempo eu queria